O pai chamou-o à atenção. Disse-lhe que aquilo não se fazia, que era coisa de menino mal-educado. Resultado: amuou.
Entrou no carro “a prender o burro” e adormeceu “como uma pedra” até chegar a casa e o deitarmos na cama.
Acordou quando tentávamos despir-lhe o casaco. Deixei que se orientasse, perguntei-lhe se tinha corrido tudo bem na loja. Fez cara de pateta e respondeu-me, com voz de pateta, que não.
Tentei durante algum tempo que me dissesse o que aconteceu. Não disse, não sei se por vergonha se por pura teimosia.
Expliquei, como costumo explicar, que se não me disserem o que lhes acontece não os posso ajudar. Que a mãe e o pai perdoam sempre, mesmo que o que fizeram não seja muito bonito.
Como continuou sem abrir a boca, decidi deixá-lo ficar a pensar um bocadinho no assunto, sozinho no quarto. Quando voltei, estava quieto, com as lágrimas nos olhos. Foi bruto por despeito. Voltei a falar-lhe e só depois de muitas tentativas me disse: “Fiz uma caretazinha e a língua saiu cá para fora”, o que ele queria mesmo dizer era : “foi tudo involuntário, eu quase nem me apercebi que fiz aquilo!!!”
Lá expliquei que tinha feito uma coisa feia e pior do que isso, não tinha confiado na mãe para contar o que se tinha passado.
Pretendo estabelecer uma relação de confiança entre mim e os meus filhos, para que sintam que me possam contar o que se passa com eles, sem sentirem medo ou vergonha. Mas com este mais novo, por natureza mais fechado e envergonhado, tenho tido alguma dificuldade e nem sempre tenho a habilidade de lhe adivinhar os pensamentos.
Se houver por aí alguém a educar feitios destes, por favor
não me deixem sentir sozinha, partilhem comigo.
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