São três e são únicos

Hoje escrevo esta mensagem, porque às vezes escrever é uma catarse e é, quase sempre, a escrever que consigo falar as minhas emoções.
Provavelmente daqui a alguns anos não me irei lembrar do motivo que originou esta mensagem. Se assim for é bom sinal, significa que, o que quer que fosse, está ultrapassado. Também por isso escrevo, para ultrapassar.
Tenho três filhos e todos eles são diferentes, assim como os dedos das mãos; e eu sou tantas mães quantos os filhos que tenho, quer isto dizer que não sou igual para os três, porque cada um é uma pessoa diferente, com necessidades diferentes, com formas de pensar diferentes e até com manias diferentes. Seria bastante aborrecido se assim não fosse. Além disso, nem eu nem eles somos máquinas programadas para agir sempre da mesma forma.
Mas só porque eles são diferentes isso não dá a quem quer que seja o direito de achar que eu posso escolher um em detrimento do outro.
Tal como eu preciso de todos os dedos da minha mão e não consigo escolher qual deles é mais necessário, também não consigo dizer que um dos meus filhos é melhor do que o outro, porque não são. Se o Francisco é bom a fazer x, o João é bom a fazer y e a Isabel será muito boa a fazer z.
Da mesma forma não consigo deixar de os defender quando os vejo a ser postos de parte ou a ser injustiçados e aí até consigo transformar o meu cabelo em juba e as minhas unhas em garras.
Magoa-me profundamente quando pessoas que nos são próximas o fazem.
Às vezes penso que é por ter esta maravilhosa experiência e bênção de ser mais do que uma mãe.
Não quero ser injusta, mas penso que, tendo apenas um filho, não teria capacidade para entender este desdobramento. Também não peço que as pessoas o façam, mas que tenham alguma empatia pelos outros seres que a vida lhes deu, porque a injustiça com que se trata outros não tem muito a ver com ter apenas um ou mais filhos.
Talvez devêssemos todos colocarmo-nos mais da pele dos outros, é um exercício interessante.

Francisco, João e Isabel, se algum dia lerem esta mensagem foquem-se apenas na parte positiva. A mãe ama-vos a todos muuuuiiiitoo e espera que se tornem pessoas empáticas e justas.

À chegada

Chegaste do teu primeiro grande acampamento de escuteiros (4 dias) sujinho como nunca te vi, cheiravas a ciganinho, o fumo de fogueira misturava-se com o cheiro a chulé e transpiração. Mas vinhas cheiinho de novidades para contar e de saudades para matar.

Deste-me um abraço enorme e disseste "Mãe, eu só lavava os dentes à noite!!!".

Hoje é a mãe que me dá banho, afinal tem de ser dia de esfregão.

Só 4 dias fora de casa e achámos-te maior, até o dente que andava há 4 meses para nascer se começou a ver.

Contaste as tuas aventuras e as tuas emoções, porque, apesar da rebeldia, és um coração mole.

Já cheiroso, com a barriguinha bem aconchegada de comida de casa, demos abraços e fomos todos para a tua cama ouvir as aventuras que tinhas para contar.

Provavelmente é a isto que se chama abrir asas.

Finalistazinho

Foi diferente do primeiro. Não pior, não melhor, diferente. Isso foi bom. Acho que foi um dia feliz para ele.
Para nós foi emotivo.
Acabar o jardim de infância é muito mais do que ir para a escola primária.
Acabar o jardim de infância é deixar para trás pessoas a quem confiámos o nosso filho, cortar com rotinas a que estávamos habituados, pensar em como vai crescer ainda mais rápido do que até aqui, saber que vão acabar os colos da pré, os beijinhos às auxiliares, enfim um sem número de coisas que não voltam.

Sei disso por experiência com o mais velho, que hoje, de lágrima no olho e à sua maneira, confessou ter sido muito mais feliz naquela escola do que na atual. Bem sei que a memória, por vezes, é traiçoeira, mas também eu fui uma mãe mais feliz naquela escola do que na atual. Ninguém disse que crescer era fácil.

Cá em casa, estamos orgulhosos dele. Portou-se à maneira nas apresentações que fez à frente dos pais, e cantou a música toda!

Tirou fotos com os amigos que conhece desde que lá está, e que espero o acompanhem na vida. Encheu-se de orgulho com o seu chapéu azul e a capa de finalista.

O nosso finalistazinho está quase pronto para deixar a sua maravilhosa Gracinha e começar a voar pela mão de outra professora.

Esperamos que seja feliz e lhe corra bem a vida académica.

Mas agora, ... venham as férias.

6 anos

Há seis anos que fui mãe pela segunda vez. Foi tudo muito mais fácil do que da primeira vez e, apesar de haver muita segurança nas questões mais básicas, também havia muito medo. Um medo gerado por um resultado menos bom de uma ecografia, que felizmente resultou em nada.

Durante muito tempo, este medo era uma sombra permanente a cada passo do desenvolvimento do João. Com o tempo, o medo atenuou, a sombra foi-se dissipando. Confesso que, de vez em quando, ainda espreita, mas só no meu coração de mãe, não o partilho com mais ninguém.

Agora olho para ele e sinto-me, por vezes, incrédula, pois ele é a nossa conchinha. Tem crescido tanto!

Aos seis anos é um rapaz muito observador, sensível como poucos miúdos de seis anos, meigo, muito envergonhado e com um feitio de Touro!!! (leva tudo à frente quando o chateiam à séria).

Evoluiu tanto no último ano em termos de conhecimento e forma de o demonstrar, que só podemos estar orgulhosos dele e agradecidos à educadora que tem.

Esperamos que se continue a superar, nos continue a surpreender e mantenha a doçura que tem, mas a comer mais sopa de legumes!!!

A televisão foi de férias

Há situações que requerem medidas drásticas.

Desde há muito que cá em casa nos debatemos por um ambiente menos televisivo e tecnológico. Tem sido difícil racionar as horas de televisão. Assim que nos distraímos lá estão as duas alminhas a olhar de boca aberta (literalmente) para aquilo.

Não há quem os demova. Até já foi motivo de sacrifício pascal!

Antes de termos internet, telefone e TV todos ligados era simples, de vez em quando, o aparelho "avariava-se" e não havia forma de a pôr de novo a funcionar, só os pais tinham esse poder mágico!!! Mas agora a dita avaria já não pode ser utilizada, caso contrário ficamos incontactáveis cá em casa.

Então hoje, imbuída de um espírito rebelde que se apoderou de mim, não fui de meias, o televisor passou da sala para o quarto vazio cá de casa, sem que qualquer fio viesse agarrado a ela.

Vai lá ficar durante um mês. Tenho dito.

Agora dá-me para rir!!!

Bem antes isso!

Os meus homens pequenos dão comigo em doida com os disparates que saem daquelas cabeças.

15 minutos depois de os termos deitados, estamos os dois a gozar do silêncio do fim do dia quando um ser em pijama e descalço desce as escadas de cobertor em riste a afirmar em tom de ultimato: "Eu hoje durmo aqui no sofá."

O pai começa a passar-se ao segundo "vai para a cama". Sem que os argumentos (amanhã é dia de escola; temos de levantar cedo; aqui não é sítio para dormir) o convençam, levanto-me e vou buscá-lo por um braço. Tento pôr o ar mais sério do mundo mas "escangalho-me" a rir com tamanha tontice, vinda de um miúdo que já tem oito, mas neste momento parece ter três.

Lá consigo encaminhá-lo para o quarto.

Dois minutos depois: "MÃEEEEE" (atenção que partilha o quarto com o irmão, entretanto já adormecido), "Ó MÃAAEEEE, vem cá."

Subo a escada e reclamo "respeita o teu irmão, que já está a dormir!".
Responde-me: "É só para apagares a luz, que tenho medo de vir para a cama depois de apagar a luz".

Finalmente o silêncio.

Dois ratinhos

Ainda mal tinha acabado de romper o primeiro incisivo inferior, já o segundo começava a dar sinal de si.

Depois de muita baba e de muito morder, esta semana com direito a febre e tudo o mais que se associa ao nascimento de um dente, rompeu o segundo, a 24 ou 25 de Abril que é para ser original.

Até nisto ela cresce mais rápido do que os irmãos! :(

Vira que vira ...

A princesa cá de casa virou-se hoje pela primeira vez. Gostou tanto que virou e revirou em cima da cama.
Com tantas voltinhas do vira, o perigo passa para um nível acima.